Chegou o fim do ano e, como sempre, comecei a sentir aquela mistura de emoções: a excitação por um novo ciclo, o peso das reflexões sobre o ano que passou e, confesso, um pouco de ansiedade sobre o que está por vir.
E foi nesse processo que me vi de novo frente a uma velha conhecida: a crise de identidade.
Talvez você já tenha sentido isso também. Aquela sensação de que, apesar de tudo o que fizemos e conquistamos, ainda falta algo, ou que não nos encaixamos em nenhum lugar. No meu caso, acredito que essa sensação esteja muito ligada à minha multipotencialidade.
Sim, sou multipotencial. Adoro explorar diferentes áreas, aprender coisas novas e me aventurar em várias frentes ao mesmo tempo. Mas, muitas vezes, essa pluralidade de interesses e habilidades pode gerar um conflito interno:
"Se faço tudo, será que faço algo bem o suficiente?
Será que estou desperdiçando meu tempo em tantas direções?"
E o que agrava ainda mais isso?
No meu caso, a multipotencialidade está acompanhada de dois fatores que, se não forem bem gerenciados, podem intensificar essa crise: o TDAH e minha personalidade índigo.
O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) faz com que eu me distraia facilmente, tenha dificuldade em concluir projetos e, muitas vezes, me sinta sobrecarregada com tantas ideias. É como se meu cérebro estivesse constantemente cheio de novas possibilidades, mas sem um caminho claro para organizá-las.
Já minha personalidade índigo traz uma intensidade emocional e uma busca profunda por propósito. Não consigo simplesmente aceitar um caminho que não ressoe com a minha essência. Preciso sentir que o que faço tem significado – e isso pode tornar as escolhas ainda mais desafiadoras.
Por que o fim do ano intensifica isso?
A virada do ano é um marco simbólico que nos leva a refletir:
Sobre quem fomos no último ano.
Sobre quem queremos ser no próximo.
Para quem já vive entre tantos interesses, emoções à flor da pele e busca por um propósito verdadeiro, esse processo pode parecer avassalador.
Mas sabe o que descobri?
Essa crise não é o problema. Ela é, na verdade, um convite. Um convite para refletir, desacelerar e me reconectar com quem eu realmente sou.
Foi assim que percebi que não preciso de um único propósito, de uma única definição ou de um plano de vida linear. Ser multipotencial, com TDAH e personalidade índigo, é minha essência, e aprender a lidar com isso é parte da jornada.
Se você também sente algo parecido, aqui estão algumas coisas que têm me ajudado:
1. Aceitar quem sou: Não preciso escolher entre ser uma coisa ou outra. Minha pluralidade é uma força, não uma fraqueza.
2. Rever meus valores: Quando sinto que estou perdida, voltar aos meus valores me ajuda a reencontrar meu centro. O que realmente importa para mim?
3. Respeitar meu tempo: A virada do ano não precisa trazer todas as respostas. Posso caminhar no meu ritmo.
4. Buscar apoio: Conversar com pessoas que entendem esse processo – amigos, colegas, ou até mesmo profissionais – tem sido fundamental para organizar as ideias.
E, acima de tudo, lembrar:
Eu não sou definida pelo que faço, mas pelo porquê e pelo como faço. Minha identidade não precisa ser fixa; ela pode ser fluida, assim como minha vontade de explorar, aprender e crescer.
Se você também está vivendo algo parecido, quero que saiba: está tudo bem. Está tudo bem não saber exatamente quem você é, desde que você esteja disposto a se ouvir e se respeitar.
No fim das contas, o Ano Novo não é sobre ser perfeito ou ter tudo planejado. É sobre abraçar quem somos, com todas as nossas facetas, e seguir em frente com coragem e autenticidade.
Abraço sincero.
Lenisa Lucena
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